quinta-feira, 5 de maio de 2011

CHORO E BIRRA

O tratamento que os pais dispensam ao bebê pode desenvolver comportamentos indesejáveis que tornam desgastante a convivência nessa fase, não raro prolongando-se ainda até bem mais tarde.
Há crianças que acordam 4 ou 5 vezes por noite e não retomam o sono a menos que a cada vez sejam embaladas e consoladas. Há ainda as que acordam uma ou mais vezes durante a noite para serem alimentadas.
Com 2 ou 3 meses de idade, 90% dos bebês estão em condições de dormir tranqüilos a noite toda e deixar que os pais também o façam.
Pais que se dedicam a entreter a criança cada vez que acorda, impedem que ela aprenda a confortar a si mesma e a voltar sozinha a dormir. Treinam o filho ou filha a tornar-se um chorão noturno, ou a exigir mamadas madrugada a dentro.
Quando a criança acordar chorando, procure fazer uma visita rápida a seu berço. Não acenda a luz, não a pegue no colo. Murmure alguma coisa, acaricie e se for o caso troque a fralda e saia.
Com sua presença pode até ocorrer que ela aumente o choro. Deixe-a chorando e não retorne em menos de 15 minutos. Repita o que fez da primeira vez e novamente saia.
Aumente em 10 minutos o intervalo de tempo a cada visitas. Seu filho vai chorar menos noite após noite e em uma semana deverá estar acostumado a ficar só.
Lembre-se que o choro prolongado, meia hora ou mais, não fará mal ao bebê nem física nem psicologicamente.
Muitos pais alimentam a criança na madrugada temendo que esteja chorando por fome. Quando elas atingem cerca de 5 Kg de peso, podem perfeitamente passar as 8 horas de sono noturno sem alimentação.
É importante não permitir ainda que durmam enquanto estão sendo alimentadas. É melhor que associem dormir com o berço ou coberta e não com o ato de mamar.
Não deixe seu bebê dormir com a mamadeira na boca.
O choro e a birra são instrumentos que a criança tem para chamar a atenção dos pais e exercer poder sobre eles.

BRINCANDO

Bebês aprendem através dos sentidos. O melhor brinquedo para eles é aquele que estimula suas sensações, visão, audição, paladar, olfato e tato. O brinquedo ideal, portanto, que sensibiliza os 5 sentidos, é sua própria mãe.
Criança pequena gosta de repetir o que outros fazem. Brinque e permita que ela imite você. Crianças mais velhas também podem servir de modelo a ser imitado. Converse muito com seu filho. Converse sempre.
Criança gosta de brincar com outras crianças. Jogos e atividades vão ajudá-la a entender sentimentos, medos e o mundo. Brincando a criança aprende, seja:
Sozinha, em seu próprio ritmo, fazendo escolhas, resolvendo problemas.
Consigo mesma, mexendo os dedos, os pés, fazendo ruídos, experimentando a linguagem, balançando pernas e mãos, dançando.
Com outras crianças, observando brincadeiras, explorando novas formas, tornando-se social.
Fazendo de conta, transformando-se em super-herói, monstro, médico, fazendo o papel de papai ou mamãe.
Diferentemente do adulto que, curioso sobre uma atividade, pergunta à pessoa o que ela faz ou procura a resposta em leituras, a criança faz de conta para poder compreender.
Quanto mais envolvida em representações de personagens, mais avança em seu desenvolvimento intelectual e capacidade de concentração.
As crianças aprendem com a experiência, fazendo. Com a repetição, por isso repetem as mesmas brincadeiras vezes e vezes. Tornam-se mais espertas solucionando problemas. Daí a importância de que sejam estimuladas com tarefas que as deixem entretidas e interessadas, mas que respeitem seu ritmo de aprendizagem.
BRINQUEDOS RECOMENDADOS
  • Estimulam a criatividade e a solução de problemas encarregando a criança mesma de decidir o que fazer. 
  • São adequados a diferentes estágios do desenvolvimento, "crescendo" com seu filho. 
  • Permanecem interessantes e divertidos por longo tempo. 
  • Promovem interação não violenta e não estereotipada com as outras crianças. 
BRINQUEDOS NÃO RECOMENDADOS
  • Não seguros, que possam ser engolidos, cortar ou machucar, produzidos com materiais tóxicos ou que provoquem alergia. 
  • Incentivam a violência ou causam interação agressiva com outras crianças. 
  • Não encorajam a explorar e a criar. 
  • São específicos para uma única fase do desenvolvimento.

FALANDO E OUVINDO

O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM INFANTIL

Logo ao nascer, ao chorar, a criança manifesta sua primeira atitude de comunicação. O choro continuará aparecendo e a mãe dará significado a ele.
Você já deve ter ouvido ou mesmo dito: "Esse choro é de dor de barriga" ou "Esse choro é de sono", pois bem, somos nós mamães que atribuímos significado ao choro, estabelecendo um código de comunicação. Com nossas reações dizemos ao bebê que entendemos que aquele choro significa dor de barriga, sono, ou outra mensagem e assim ativamos o processo de aprendizagem da comunicação.
Com o reforço positivo e o significado as tentativas de comunicação persistem e a fala aparece.
No primeiro mês de vida o bebê produzirá pequenos ruídos de garganta.
No segundo mês surgirá o sorriso acompanhado de balbucio e arrulhos.
No terceiro mês as risadas estarão mais altas e o balbucio mais freqüente. E o balbucio se intensificará por causa do significado que a mãe dá a essa tentativa de comunicação.
Iniciam-se brincadeiras com a voz e a repetição de monossílabos e, no quarto mês de vida, a criança direciona o rosto para a origem do som que ouve.
"Mamãe olhe para mim!" seria a melhor forma de definir o uso que o bebê faz do balbucio na etapa que vai do quinto ao sexto mês.
"Quando ele crescer vai ser cantor"; diria a mãe de um bebê de sete meses, ouvindo-o emitir sons cantarolados.
No oitavo mês de vida o bebê reconhece seu nome e a palavra "não".
Do décimo ao décimo segundo mês surgem as primeiras palavras. A criança, quando estimulada, tenta nomear objetos, responde sim e não com a cabeça, segue instruções simples e aos doze meses seu vocabulário pode atingir 5 a 6 palavras.
Com 24 meses estará em torno de 200 palavras. Dos dois anos aos dois anos e meio aumentará para 300 palavras. A criança fará perguntas simples, entenderá ir e vir, correr e parar, dar e pegar entre outras frases.
Aos 36 meses serão cerca de 800 palavras. Relatará histórias imaginárias simples, começará a fazer perguntas, falará sobre suas experiências.
Nesta etapa podem surgir as disfluências, que são rupturas da fala, as famosas gagueiras. Desta fase até os sete anos de idade são consideradas normais no desenvolvimento de algumas crianças. Portanto não devem ser corrigidas ou repreendidas para não se tornarem no futuro gagueira verdadeira. Com o tempo a disfluência diminui até sumir.
A compreensão da fala pelo interlocutor será de 90 a 100% e o vocabulário expressivo estará em torno de 900 a 1500 palavras. No final do quarto ano de vida a articulação estará melhor e restarão poucos sons a serem adquiridos. Aos quatro anos e meio a criança já possui todos os sons da fala. Até os 6 anos estará com um vocabulário complexo, lexicalmente falando.
O aumento do vocabulário se dará à medida que a criança for estimulada em casa e na escola e ela fará novas aquisições até a idade adulta, já que o conhecimento é progressivo.
Alguns fatores podem alterar a evolução da fala. São eles, a falta de estimulo à conversação, falar errado com a criança fornecendo um padrão incorreto de fala (fala infantilizada), fatores emocionais, atrasos no desenvolvimento global, otites freqüentes, deficiência auditiva, fatores genéticos, uso indiscriminado e errado de chupeta e mamadeira, bem como maus hábitos bucais (chupar o dedo, por exemplo).
A boa aquisição da linguagem oral refletirá diretamente na aquisição da linguagem escrita.
Estas valiosas orientações foram generosamente oferecidas pela fonoaudióloga
Denise Marques Ferreira Gonçalves, especialista em terapia fonoaudiológica e fonoaudiologia escolar.